- Alô.
- Oi nega, sou eu, Evaldo.
Ela emudeceu.
- Alô, alô, estás me escutando.
- Sim, estou. Maa, maais. O que queres homem? Sabes quantos anos tem isso?
- Como não mulher? Foram alguns anos sim, mas estive vivo, e com saudades de ti. Estou ligando pra avisar que estou voltando pra nossa casa.
- Não te quero te volta Evaldo, tenho outro homem agora. E não foram alguns anos, foram 10 anos!
- Como assim? Tu és minha mulher, nega! Já se esqueceu de mim?
- Não! – disse ela baixinho. - Mas tenho outro homem. É Marivaldo.
- MARIVALDO? Como puderam? E eu trabalhando de sol a sol durante esse tempo, pensando em ti, em nós, e tu arrumas outro macho, ainda do meu próprio sangue!
Ela emudeceu e chorou baixinho.
- Eu te amei Evaldo, mas me abandonastes. Fostes e ainda me deixastes com um filho. Era isso ou virava puta.
- Filho? Eu tenho um filho? Como é o nome dele? Quantos anos têm? Diga, vamos.
- É Marivaldo Filho, tem 10 anos.
- Não sabe de mim?
- Não! Pensa que Marivaldo é o pai.
Ele calou.
- Posso te ver mesmo assim?
- Não! Marivaldo me fez prometer que não te veria nunca mais! Estás condenado por estas bandas.
- Mas agora tenho dinheiros, sou homem direito.
- Não importa. Fostes daqui, destruístes muitas vidas, deixastes uma reta de dívidas. Sabes que até tempo atrás vinha homem aqui perguntar por ti. Estás jurado de caixão!
- Preciso te ver mulher, por ti vou até o inferno, tu sabes. Eu, eu, eu...
- Te amo nega.
Ela calou.
- O que dissestes? – perguntou aborrecida.
- Eu te amo, não acreditas?
- tu, tu, tu, tu, tu, tu...