Nas esquinas da vida...

"Se o tivesse escrito para procurar o favor do mundo eu teria me ornado de belezas emprestadas ou teria me apresentado com minha melhor pose. Quero que me vejam aqui no meu modo de ser simples, natural e ordinário, sem afetação nem artifício: é a mim mesmo que pinto". (M. de M.)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Boba



Sou boba,
Te espero chegar,
pra fazer cafuné.
Esquentar a comida, saber do teu dia.
Te ver tomar banho,
fazer amor gostoso, suado, safado 
conversar furado por minutos
e depois dormir.

Sou boba sim,
Porque adoro ver tua costa molhada,
teu olhar atento pra tv,
ou sentado lendo o jornal.

Sou muito boba,
porque espero ansiosa o dia inteiro o telefone tocar pra escutar tua voz,
porque queria sair contigo numa dessas tardes pra ver o por do sol,
ou ainda ganhar uma atenção qualquer.

Mas hoje, queria ter visto tua cara de bobo,
ao chegar e não me encontrar mais lá.
Por ver a louça por lavar, a comida por esquentar,
e não ter ninguém pros cafunés!

Mas continuo boba,
porque de longe, te amo,
apesar de faz tudo sempre igual!


Por Barão da Ralé

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Onda


Não vale a pena amar.
O sentimento é feito onda,
onda do mar,
que bate, afoga e leva pra longe.
Longe demais,
que não se consegue voltar.
O jeito é nadar em outra direção em busca de novo porto seguro.
Onde tudo é desconhecido, estranho, atraente. 
A princípio, é bom, gostoso, vale a pena tentar.
Mas com o passar do tempo, o seguro morre de velho,
e novamente estamos no mar,
sozinhos.
Cercados de medos, traumas,
tantos
que o mar parece ser o lugar seguro que tanto se busca.
Na verdade,
nem em terra, nem no mar..
estaremos seguros,
apenas sozinhos.

Por Barão da Ralé


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Jaz-Mim


Coração apertado.
Chego a esboçar um choro.
Mas não será o primeiro.
Talvez o último.
Quem sabe?

Busco por explicações,
Desejo de fato ouvi-las.
Preciso até.
Tudo que recebo é o silêncio.

Pior que isso,
A indiferença soada no meu nome.
Um olhar profundo de quem vai deter.
Uma boca seca de quem quer gritar.

Não adianta chorar.
Tento reconhecer meus erros.
Forjar uma culpa.
Pensar nas possibilidades de tudo estar de fato certo.

Mesmo assim, não sei
Parece não haver efeito.
Rocha, pedra dura, meteorito.
Não vejo mais uma fissura se quer.

Foge de mim.
Não quer minha presença.
Parece haver raiva,
medo,
não sei mais o que.

Mas o silêncio impera.
É um reino de trevas.
Dor.
Palavras não ditas.
Ações mal compreendidas.

E assim se vai.
Com um beijo de canto de boca.
Um olhar de aqui jaz...

jaz-mim.





Barão da Ralé

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Descoberta


Eram lindos.
Dois bicos em tom terracota sob duas montanhas claras.
Algumas gotas d’agua ainda estavam por ali.
Meus olhos espreitavam cada centímetro do seu corpo,
nu,
molhado.
Cora dormia solta.
De pernas abertas.
Deixando a mostra alguns pelinhos ralos.
Lábios vermelhos.
Vez ou outra se mexia, fazia uns ruídos, mas tinha certeza que não sabia de mim.
Hesitei tocá-la.
Porém, o desejo me tomava.
Sabia que havia chegado de mais uma noitada.
Escutei quando mamãe brigou com ela.
Talvez, cansada, nem sentisse minhas mãos.
Que aos poucos deslizavam por sua perna.
Subi mais um pouco na cama, e com as pontas dos dedos
caminhei até o meio das pernas.
Toquei de leve os pelinhos ralinhos e os lábios vermelhinhos.
Num só tempo gememos!
Peguei um susto, pois pensei que ela tinha acordado.
Mas ela continuava como um neném.
Os dois bicos agora me chamavam atenção.
Estavam durinhos.
Queria tocá-los.
Algo dentro de mim era mais forte e ...
levei a boca num deles, de olho esticado pra ver se Cora não acordava.
Aquilo era tão gostoso, aproveitei um pouco o instante.
Que pecado, pensei. Teria de contar ao padre?
Nããão. Aquilo seria só meu.
Com o bico ainda na boca quis sugar,
mas escutei um grito que vinha da cozinha,
era mamãe: “Laaaauraaaa, vem tomar café!”.



Barão da Ralé

Quase


Fugi do trabalho e fui mais cedo pra casa. 
Quando cheguei parecia que Leonor não estava.
Olhei as correspondências sobre a mesa: contas e algumas propagandas.
Quer saber: vou beber e fumar um cigarro!
Fui até a geladeira, 
peguei uma cerveja.
Procurei os cigarros no bolso.
Era um final de tarde lindo.


Devagar, tirei a roupa.
Liguei a tevê: “Primavera árabe. Novo partido é eleito na Tunísia”.
[Recostado no sofá]  
Tragava meu cigarro, como se fosse o último, que gostoso!
[Parou e prestou atenção no ruído que vinha do quarto]
Rápido apaguei o cigarro, Leonor odeia quando eu fumo.
Mas peraí... Que diabo era aquilo?
Entrei em desespero. Não era possível.
Eram gemidos, e de sexo!
Caminhei pelo corredor,  
da porta entre aberta, vi Leonor, deitada na cama
nua,
de olhos fechados.
Olhei mais, vi que estava sozinha.
Ufa, que alívio!
Mas o que era aquilo que estava fazendo?
[Com fones de ouvido e um pênis verde]
Leonor se masturbava.

Fiquei furioso, quis entrar e tirar satisfações.
Mas pensando bem, aquilo me excitava.
Não quis atrapalhar, 
que lindo era
ver Leonor se satisfazer.
Não demorou muito,
eu estava excitado.
Quando ousei me tocar,  
já era tarde: Leonor gozara, gemendo tanto
arfando, puxando os lençóis da cama com uma das mãos,
apertando um seio com a outra.

Tornei a sala. Fiz parecer que dormi vendo a tevê.
Fui acordado com um beijo suave e maças do rosto rosadas.
Naquela noite quis transar, mas tudo que tive foi:
vários beijos de língua,
uma bela chupada,
uma exploração total pelo corpo quente de Leonor,
Nada de sexo!

Como pode alguém se masturbar daquele modo e não querer transar?
Sabia que ela queria. Estava toda melada. Arranhava minha costa.
Puxava meus cabelos.
Se esfregava no meu corpo.
mas Nada de sexo!

Dia seguinte, lá estava ela naquele ritual de prazer que me torturava!
Me dava raiva, angustia, queria vê-la gozar assim comigo.
Certa tarde,
cheguei em casa, pensei que iria assistir a mais uma sessão de prazer egoísta de Leonor.
Mas ela não estava.
Fui pro quarto, tentando imaginar porque ela fazia isso.
Depois do banho me deitei de toalha.
Ainda molhado.
Relembrando todas as noites que estive com ela sem transar.
E quando dei por mim, estava ali
naquele ritual sinistro,
e prazeroso!
Me tocando.
Cadenciando cada batida, ora devagar ora rápido.
Explodi num prazer diferente, forte e cansativo, que dormi.

Acordei já tarde. Leonor estava dormindo ao meu lado.
Eu estava nu e ela também.
Não sei bem o cenário que ela encontrou.
Mais sei que não se importou.
Ela estava desgrenhada, ainda com cheiro de sabonete, cabelos úmidos.
Aproveitei para beijar seu pescoço,
passar as mãos pelos seios
deslizando pelas ancas.
E mais uma vez, nos tocamos, nos beijamos,
nos chupamos...
E no dia seguinte, Leonor se masturbava pela tarde.
E eu, pela noite.
Me imaginava com algumas mulheres que havia visto durante o dia,
mas o melhor da noite vinha quando pensava em Leonor.
Que tesão, que tensão!
Sempre me desfazia de gozar, imaginando como seria tocar minha própria mulher...



Barão da Ralé

domingo, 30 de outubro de 2011

Do fim ao começo




[Numa bar qualquer, com fotos da Belle Époque belenense, música popular brasileira na tevê e dois copos ainda cheios]
[Ela está falando]

O passado estava enterrado.
Sem importância. Sem merecer destaque algum.
[Ele indaga, chateado com aquilo]
Não, não se tratam de lembranças ruins, sabe?
No entanto, são lembranças que não merecem ser revividas.
Traze-las de volta é o mesmo que mexer num vespeiro.
Num ninho de caba.
Num escorpião.
São atraentes. Me fazem sorrir.
[Ela sorri]
[Mas, segue falando com expressão séria]
Mas são dolorosas, como mil facas que ao mesmo tempo cortam minha carne.
Ainda insisto que não tem importância.
Foram momentos que vivi... e nem estava nos planos te conhecer.
[Altera a voz e logo fala baixinho]
Acredite, elas não possuem valor.
Só me fazem lembrar o quanto errei, fui tola, ingênua,
o quanto [hesita]... me entreguei.
Isso porque trago comigo um histórico de erros.
Enganos.
Desencontros.
Coisas das quais pretendo um dia me livrar.
Mas por hora, não sei como fazer, sabe?
[Olha para um dos quadros na parede]
Tenho contas pra pagar, um projeto pra executar,
algumas disciplinas pendentes,
uma vida pra viver contigo.
[Eles se olham]  
[Ela continua]
Coisas mais importantes.
Qualquer coisa que tenha vivido antes de ti, não tem valor.
É bem verdade que elas estão presentes no que sou hoje.
Mas cresci.  
Hoje sou outra pessoa, ou uma pessoa modificada, melhorada.
Nem sei.
Porém, o que importa meu amor,
é que o passado não é mais importante do que nosso presente.
[Ele se chateia, não acredita no que ela fala, briga e ela se levanta]
[Está indo embora, mas retorna e continua]
[Voz alterada]
Me sirva mais um copo, me chame para conversar,
transar, ou que seja, ler poesias.
Vou adorar.
[Já mansa]
Não desista de mim, de nós.
[Suplica]
Tenho lá meus lapsos, meus erros, meu passado.
Isso não tem valor.
[Senta-se novamente na mesa, olha pro chão e continua]
No escuro do quarto, no frio da madrugada...
o que te ofereço é um pouco de verdade.
Sabes que desejava ter te conhecido antes.
Mas não foi assim.
[Toca Amor, meu grande amor, Angela Ro ro]
Me veja, me queira.
[Ele a observa]
É tudo que posso te oferecer.
[Ficam em silêncio]
[Ela chora copiosamente já bêbada]
[Ele a abraça e fala chateado, ruído por ela chorar por aquilo]
Desculpas, não sabia que isso te tocava tanto.
Era apenas curiosidade.
Não quis te chatear.
[Ela bate na mesa e quase grita]
NÃO TEM IMPORTÂNCIA!
Poxa, vivo contigo todos os dias.
Isso não é o bastante?
[Ele fala ríspido]
Mas não sei da tua mente!
Não sei o que pensas ou desejas!
Não sei!
[Eles permanecem calados]
[Se dão as mãos e se beijam, como se nada tivesse acontecido]
[Ela chora, pedi desculpas, bêbada]
[Ele pedi desculpas e vão embora].




Barão da Ralé

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"Só dure o tempo que mereça"



[interlocutor, clique na imagem]


Nunca satisfeitos.
Saímos desesperados em busca do corpo, da boca, do sexo.
Barato.
Sujo.
Os olhares se entrelaçam.
As bocas insinuosas chamam.
O preço é um pecado.
Doce.
Porém, curto.
Rapidamente, reposto, com medo de ser pego.
Tudo restabelecido.
Por segundos...
Porque o mundo é interessante demais...
As vitrines, das janelas, da televisão, da imaginação.
Já em casa.
O amor reina.
Tudo é dois. Tudo é eterno.
Quando na rua.
O prazer absoluto e justificável toma conta.
Tudo é mil. Tudo é efêmero.
Proibido
... está vendo.
Ninguém
...é mais gostoso.
Não existe eterno, dois, amor...
Tudo empoeirou na estante!
porque Nunca estaremos satisfeitos...
Enquanto vivermos besuntados do novo e do velho, do moderno e do antigo,
do hoje e do ontem. 




Barão da Ralé 



domingo, 16 de outubro de 2011

São brancos...




Adoro os cabelos brancos, que percorrem o corpo vivido.
Que despontam na cabeça,
descem até a barba por fazer
e se enrolam no peito calejado.
Adoro os pés chatos.
e os braços fortes
e a mão grossa.
Os olhos lagrimejados.
O sorriso largo e bem vindo.
Adoro a boca,
que fala  por si, a todo o momento, antes das
palavras.
Da aliança no dedo.
Da marca branca que deixa.
Adoro o modo como planeja nossa vida.
Como nos enxerga no
futuro.
Da maneira como lava
meu corpo.
Como traz a água no meio da noite,
para matar a sede.
Adoro quando já não sabe falar e
grita.
Do ciúme desmedido e remediado.
Dos livros que lê.
Adoro o modo como segura minha mão.
Como sempre busca meu olhar.
E fala que me ama.
E me ama
na cama.
Adoro os sinais que pintam os ombros...
Aqueles que me agarro na noite...
E seguro firme.  
Mas são dos cabelos brancos que gosto mais.
Dizem que é experiente, vivido,
mas aqui comigo é criança de novo,
quer mais.
São brancos pelo tempo e
puros mais uma vez.




Barão da Ralé

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nem amor e nem dor

Ele saiu de casa chateado.
Fiquei jogada na cama, ainda sentindo os espasmos do corpo causados pelo amor gostoso que fizemos.
Seminua. Suada. Com um sorriso no rosto.
Não o amava mais. Agora tinha certeza.
***

Essa é uma história de amor de Maria e Claudionor.
Amor, nem tanto. Mas de desencontros, sofrimentos, aventuras e sexo, sim!
Eu amei Claudionor.
Encontramo-nos num bar desses da vida. Ele sozinho, eu em busca de alguém. Aproximei-me, pedi um copo de cerveja. Conversamos por horas e fomos parar num quartinho de quinta categoria na Riachuelo. Desde aquela noite, sempre me deitava com ele. Simplesmente ignorava os demais para dar-lhe preferência.
Com o tempo, pensei amar Claudionor. Larguei o ofício. Virei dona de sua casa. Lavava. Passava. Cozinhava.  E ele?
Continuava chegando bêbado. Fedendo a cigarro e sexo de puta.
Ficava transtornada. Levantava-me a mão. Surrava-me na salinha. Deixando-me toda desgrenhada e roxa. Noutro dia levantava como o sol, como se nada tivesse acontecido.
Andava com as putas que um dia foram minhas amigas. Soube que estava de romance com Marieta. Fiquei fula. Levava-a para charlar. Dava-lhe as coisas e dinheiro. E a mim nem um olhar.
Puta da vida fui até o ponto. Desci a porrada na puta. Claro que apanhei. Todas se juntaram contra mim e me surraram. E de relance vi Claudionor, fumando e observando a cena, sem intervir.
Quando na cama nos deitávamos, nosso amor era perfeito. Claudionor sabia como tratar uma mulher. Puxava-me os cabelos, beijando a boca e dizendo que era meu dono. Metia-me com vigor, tapas e mordidas. Deixava-me dolorida e satisfeita.
Fora dela, não valia um centavo.
Dia desses, não aguentei! Fui embora de casa. Retornei pra vida. Queria ter meu dinheiro e meu cantinho. Mudei de ponto. Lá fazia sucesso. Era a morena do Pará. Ganhava bem.
Certa tarde enquanto descansava, Claudionor me encontrou. Estava vistoso, cheiroso e lindo. Não aguentei. Fomos parar na cama.
Mas ao invés dele me dominar, eu tomei de conta. Bati. Mordi. Xinguei. Mandei calar a boca. Puxei seus cabelos e dei-lhe tapas.
Surpreso com minha mudança ousou propor nosso retorno. Claro que disse não. Isso foi o motivo para que ele me procurasse por anos. Nenhuma das vezes neguei meu corpo e nem o prazer.
Mas o amor, jamais lhe dei novamente.  




Barão da Ralé
    

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Doloroso

Não foram duas, nem três e tão pouco quatro. Foram 10 vezes somente este mês.
Que te deixei entrar e dormir mais uma noite comigo.
Sabes dos meus sentimentos por ti. E com isso na mão, brincas.
Remediar o equívoco não é fácil. O coração de um homem é orgulhoso.
E não fujo a regra. Não se faça de rogada. 
Por favor.
Cansei das cenas. Dos choros desmedidos. Dos pedidos para ficar.
Fique. Entre. Coma. Durma. E vá embora.
Como sempre.
Aproveite e leve contigo esse coração bandido e partido.
De nada me servi.
Passei noites fantasiando.
Onde poderias estar.
Com quem.
Fazendo sabe lá o que.
Nem um telefonema para me tranquilizar.
Sentias um estranho prazer a me ver às 6 da manhã abrindo a porta,
Apavorado.
Querendo saber de ti.
Ao invés de brigar. Amor.
Quase sempre suja, gozada, batom borrado.
Levava-te ao banho. Oferecia um copo de café. E a cama.
Não foram dez e nem onze. Foram mil. As vezes que eu pedi para ficares comigo.
Rias. Somente.
E eu baixava a cabeça, mudando de assunto, perguntando como seria seu dia.
Engolindo a seco: teu desprezo, tua miséria.
Quando vias que me perdia. Batia desesperada na porta. Fazendo juras jamais vividas de amor. Quantas noites passei  por esse desassossego? Santo Deus.
Hoje o dia terminou e junto tua sorte.  
Leviana.
Calculista.
Frígida.
Saia!




Barão da Ralé

sábado, 3 de setembro de 2011

Uma redescoberta as avessas!




Estive um bom tempo sem escrever nada.
Não tinha mais aquela inspiração primeira, que me fez produzir histórias picantes na madrugada.
Passei do sexo, morte e sangue ... para a auto falácia e autobiografia.
Não sei dizer, mas parece que não sei mais escrever. Desde quando parei de sentir a dor que me motivava... sim uma espécie de dor inspiradora. Sabe um  aperto no peito? Um frio na barriga? Junto com a solidão da noite? Me coçava toda enquanto não escrevia.
Eram minhas forças motrizes.
Mas voltando, a verdade é que não sei mais escrever. Tudo que escrevo parece não ter importância, valor, sentido.
De catarse criei um relicário de palavras mal organizadas, sem sentido e que não dizem nada com nada! Como dizem por ai.
Busco por histórias como de Zenaide, Valentina (que nem gosto tanto), Pedro (minha obra prima) e Zana. E eu não as copiei de blogs alheiros (risos) como já me perguntaram, eu as criei. Não sei mais fazer assim.
Com certeza, durante o mês de junho foi pior. Estava mal, despedaçada, com pensamentos fragmentados.  Mesmo assim, coloquei tudo ai. Não recebi uma ligação dizendo: “Isto está muito ruim, deleta tudo”. Porque estava mesmo (risos).
Hoje tudo que penso, soa tão repetitivo ou acadêmico demais.
Estou na fase das explicações, preciso explicar constantemente, sinto-me com 5 ou 6 anos, (re)olhando o mundo, aprendendo a cada dia(noite).
Paro para observar as formigas em caminho...
O que a água da chuva leva pela lava...
Uma redescoberta as avessas! Uma espécie de Benjamin Button dos pensamentos. A propósito esse é um bom título.
Mas uma coisa eu sei, sendo bom ou não, fazendo sentido ou não, não consigo parar de escrever... Bom, bom? Eu não sei. Mas é desafiador.

  


Barão da Ralé

Sem nome





Hoje acordei inspirado,
Quem sabe para desarrumar a mala, passar uma vassoura pelo quarto, lavar a xícara..
Colocar as roupas na máquina, escutar o novo cd de jazz que ganhei de aniversário,
Ler os e-mails e ligar para o amigo para desejar feliz aniversário.
Ou ainda ir pagar uma conta. Ler alguns textos da disciplina nova.
Organizar as fontes e buscar alguns livros.
O dia está bom hoje, sem chuva, são 09:59.
Senão, colocar o enfeite novo na estante, organizar as roupas e colocar a toalha no varal.

Penso tudo que posso fazer para esquecer que tenho que arrumar suas coisas e marcar o dia para busca-las...
Arrumar suas roupas, juntar os remédios, meias e sapatos...
E a chinela.
Olhar pela última vez as capas dos discos de Nana...
Seus livros.

Olho em volta, vejo ainda o que preciso arrumar.
São livros, esmaltes, hidratante, cinzeiro, algumas moedas...
Algumas fotografias, algumas lembranças.
Já é tarde. Olho pelo relógio do computador. São 16:59.
Uma pilha de prato, copo e talheres perto da cama... me aguardam.

Mas faço isso amanhã, hoje já é tarde demais.




quinta-feira, 14 de julho de 2011

e tu que não vem




- Alô.
- Oi nega, sou eu, Evaldo.

Ela emudeceu.

- Alô, alô, estás me escutando.
- Sim, estou. Maa, maais. O que queres homem? Sabes quantos anos tem isso?
- Como não mulher? Foram alguns anos sim, mas estive vivo, e com saudades de ti. Estou ligando pra avisar que estou voltando pra nossa casa.
- Não te quero te volta Evaldo, tenho outro homem agora. E não foram alguns anos, foram 10 anos!
- Como assim? Tu és minha mulher, nega! Já se esqueceu de mim?
- Não! – disse ela baixinho. - Mas tenho outro homem. É Marivaldo.
- MARIVALDO? Como puderam? E eu trabalhando de sol a sol durante esse tempo, pensando em ti, em nós, e tu arrumas outro macho, ainda do meu próprio sangue!

Ela emudeceu e chorou baixinho.

- Eu te amei Evaldo, mas me abandonastes. Fostes e ainda me deixastes com um filho. Era isso ou virava puta.
-  Filho? Eu tenho um filho? Como é o nome dele? Quantos anos têm? Diga, vamos.
- É Marivaldo Filho, tem 10 anos.
- Não sabe de mim?
- Não! Pensa que Marivaldo é o pai.

Ele calou.

- Posso te ver mesmo assim?
- Não! Marivaldo me fez prometer que não te veria nunca mais! Estás condenado por estas bandas.  
- Mas agora tenho dinheiros, sou homem direito.
- Não importa. Fostes daqui, destruístes muitas vidas, deixastes uma reta de dívidas. Sabes que até tempo atrás vinha homem aqui perguntar por ti. Estás jurado de caixão!
- Preciso te ver mulher, por ti vou até o inferno, tu sabes. Eu, eu, eu...
- Te amo nega.

Ela calou.

- O que dissestes? – perguntou aborrecida.
- Eu te amo, não acreditas?
- tu, tu, tu, tu, tu, tu...
 - Alô, alô...