Nas esquinas da vida...

"Se o tivesse escrito para procurar o favor do mundo eu teria me ornado de belezas emprestadas ou teria me apresentado com minha melhor pose. Quero que me vejam aqui no meu modo de ser simples, natural e ordinário, sem afetação nem artifício: é a mim mesmo que pinto". (M. de M.)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nem amor e nem dor

Ele saiu de casa chateado.
Fiquei jogada na cama, ainda sentindo os espasmos do corpo causados pelo amor gostoso que fizemos.
Seminua. Suada. Com um sorriso no rosto.
Não o amava mais. Agora tinha certeza.
***

Essa é uma história de amor de Maria e Claudionor.
Amor, nem tanto. Mas de desencontros, sofrimentos, aventuras e sexo, sim!
Eu amei Claudionor.
Encontramo-nos num bar desses da vida. Ele sozinho, eu em busca de alguém. Aproximei-me, pedi um copo de cerveja. Conversamos por horas e fomos parar num quartinho de quinta categoria na Riachuelo. Desde aquela noite, sempre me deitava com ele. Simplesmente ignorava os demais para dar-lhe preferência.
Com o tempo, pensei amar Claudionor. Larguei o ofício. Virei dona de sua casa. Lavava. Passava. Cozinhava.  E ele?
Continuava chegando bêbado. Fedendo a cigarro e sexo de puta.
Ficava transtornada. Levantava-me a mão. Surrava-me na salinha. Deixando-me toda desgrenhada e roxa. Noutro dia levantava como o sol, como se nada tivesse acontecido.
Andava com as putas que um dia foram minhas amigas. Soube que estava de romance com Marieta. Fiquei fula. Levava-a para charlar. Dava-lhe as coisas e dinheiro. E a mim nem um olhar.
Puta da vida fui até o ponto. Desci a porrada na puta. Claro que apanhei. Todas se juntaram contra mim e me surraram. E de relance vi Claudionor, fumando e observando a cena, sem intervir.
Quando na cama nos deitávamos, nosso amor era perfeito. Claudionor sabia como tratar uma mulher. Puxava-me os cabelos, beijando a boca e dizendo que era meu dono. Metia-me com vigor, tapas e mordidas. Deixava-me dolorida e satisfeita.
Fora dela, não valia um centavo.
Dia desses, não aguentei! Fui embora de casa. Retornei pra vida. Queria ter meu dinheiro e meu cantinho. Mudei de ponto. Lá fazia sucesso. Era a morena do Pará. Ganhava bem.
Certa tarde enquanto descansava, Claudionor me encontrou. Estava vistoso, cheiroso e lindo. Não aguentei. Fomos parar na cama.
Mas ao invés dele me dominar, eu tomei de conta. Bati. Mordi. Xinguei. Mandei calar a boca. Puxei seus cabelos e dei-lhe tapas.
Surpreso com minha mudança ousou propor nosso retorno. Claro que disse não. Isso foi o motivo para que ele me procurasse por anos. Nenhuma das vezes neguei meu corpo e nem o prazer.
Mas o amor, jamais lhe dei novamente.  




Barão da Ralé
    

3 comentários:

Anna Linhares disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anna Linhares disse...

Adorei teu blog, bonita. Ele simplesmente é um plá na cara da sociedade virtual. Beijos
Anna Linhares.
-
Obs: O de "cima" foi excluído porque faltava uma letra na frase. Hahaha.

Barão da Ralé disse...

Oi Anna, fico grata com o elogio rsrsrs!! Voltei sempre ao Barão. Bjos