Nas esquinas da vida...

"Se o tivesse escrito para procurar o favor do mundo eu teria me ornado de belezas emprestadas ou teria me apresentado com minha melhor pose. Quero que me vejam aqui no meu modo de ser simples, natural e ordinário, sem afetação nem artifício: é a mim mesmo que pinto". (M. de M.)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Linha tênue



Quando alguém diz que devemos resolver os problemas no momento que eles latejam e não damos atenção, saímos andando, achando que eles nunca pesarão no bolso da calça. Lá na frente aprendemos que eles pesam e muito. Assim sou eu, com os bolsos sempre cheios de problemas, jamais dei atenção suficiente a eles, confesso que pensava ser perda de tempo, demandava atenção, força, horas do dia, compreensão, um tanto de bate boca, exigência, responsabilidades... Ou seja, dez milhões de fatores que eu acreditava poder canalizar para outras coisas na vida. Hoje vejo que estava errada. Os problemas dormiam, comiam, bebiam, namoravam, viajavam, caminhavam, sonhavam comigo! Estiveram bem a minha frente sempre! Um ano após o outro, se acumulando como dívidas com o imposto de renda, um dia me limitariam de existir enquanto ser social. Não, não estou fazendo a mea culpa, estou de fato dando vazão aos problemas. Hoje eles me consomem de uma forma que não consigo organizar minha vida por mim mesma, as coisas estão de cabeça para baixo, os problemas são os donos da casa! Estou confusa, angustiada, triste, sem vontade de sair, viver, falar, pensar, olhar, cheirar. Busco resolver as coisas, me sinto numa treva constante, mesmo com o sol enorme e brilhante lá fora. Nesse momento, vejo quem realmente poderá me suportar! Não ando tão animada, desculpe - quando um amigo me liga. O seriado da tv é mais interessante do que mesa de bar. Minha psicóloga diz que devo ser forte e sentar a mesa com o problema e negociar. Pagar em parcelas minhas dívidas, mas que não posso esquecer as pessoas, da sociabilidade, do amor, dos amigos. Como então lidar com tanta angustia e falta de vontade de ser sociável? Quanta bobagem – retruco. Ela insiste que devo ser racional, deixar de ser orgulhosa, aceitar o fato de que preciso de ajuda e que isso é sério, se continuar encarando meus problemas como supérfluos, jamais sairei da estaca zero. Ai que difícil – respondo serrando os dentes. Já encarei coisas piores na vida, engoli choro, fui forte por mim e mais um, contei os centavos, lutei e corri atrás do que queria – contra argumento expondo meu histórico de conquistas. Ela apenas me observa sem dar importância para o fato de que estou fugindo do objetivo e reitera que devo parar. Enquanto não ceder, nada será feito  - enfatiza. Não consigo – a observo com ar de dor. Sim, é doloroso, mas seja firme, acabaste de me exibir muitas histórias de superação, porque não agora?  - pergunta. Não sei, não sei bem o que sinto, o que vivo, se ainda quero viver assim – respondo.
E mais uma sessão chega ao fim, sem que um rumo pra isso seja apontado.
      

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