Nas esquinas da vida...

"Se o tivesse escrito para procurar o favor do mundo eu teria me ornado de belezas emprestadas ou teria me apresentado com minha melhor pose. Quero que me vejam aqui no meu modo de ser simples, natural e ordinário, sem afetação nem artifício: é a mim mesmo que pinto". (M. de M.)

domingo, 20 de julho de 2014

Nosso caso de amor




Sabes que ainda lembro-me de tua voz me pedindo para escrever sobre “nós”. 

Desejando testar minha criatividade juntamente com insanidade para descrever “nosso caso”. Confesso que jamais escrevi a respeito até hoje, talvez precisasse de mais matéria prima, memórias, palavras e imagens. E agora, ainda sinto dificuldades, me fogem as palavras que melhor podem expressar o que vivemos lado a lado em algumas horas de telefone ou em dias corridos no meio da semana. Ainda assim, nesses encontros juntávamos as expectativas, os desejos, as histórias de amores não vividos, os fragmentos de memória, os futuros pretendidos, os medos guardados e a salvação, ao final, para os dois. Me perdoa por não conseguir escrever sobre “nós”, talvez eu não ouse mesmo. Poderia falar do sexo, das cervejas, das mãos dadas ao final de tudo, do desejo de compartilhar um simples cigarro. Porém, sinto que estaria contando um conto simples, criando uma história qualquer, inventando personagens, cenários, enredo com começo meio e fim. Isso não é “nós”. Sabe por quê? Porque éramos perdidos, diferentes, reais, viscerais, violentos. E hoje, ainda somos. Porém, restaram em nós palavras mal interpretadas como ressaca de onda do mar frio junto com frustração, dor e vazio. Nada de amor, nada de futuro, nada de nós. Construímos algo, ou tentamos construir, sem atentar que nós éramos e somos formas diferentes de amar, de viver, de sentir, de fazer sexo, de beber uma cerveja, de se expressar, de refletir, de estar no mundo. Apenas e fundamentalmente diferentes. Ainda lembro de todo aquele ímpeto (tão reprimido por mim), das ressalvas sobre machismo e feminismo, da maneira de me aconselhar (planejar) sobre minha vida, falar sobre suas experiências mais intimas. Entre idas e vindas, nós pecamos. Pecamos muito. Decidimos seguir contra a maré da vida. Eu sei que um dia vais ler esse texto e vais saber que me refiro a ti. Com certeza vais discordar de algumas colocações e se puder vai me questionar. Mas se isso não acontecer, também não ficarei triste, pois eu vivi contigo. 

E “nós”, amor, ficamos em algum lugar desse percurso, não esquecidos, mas talvez como dois estranhos conhecidos. 

Nenhum comentário: