[Ela segurou a maçaneta e o olhou pela última vez]
Apenas o silêncio.
Ela não disse mais nada.
Na vida tem dessas coisas. Às vezes somos mal interpretados e não temos a chance de redenção.
Sinto em mim um vazio de lágrimas contidas e palavras não ditas.
Mas o que posso fazer? Se se quis assim.
Sento na sala vazia, observo as poucas fotos que temos e vejo o quanto estou sozinho.
Não tiro sua razão. Errei. Feri.
Mas sinto saudades. Quero-te de retorno.
Achas mesmo que não gostava de ti?
Sei que meu samba e vícios ti incomodavam, sei também que não fiz nada para evitar.
[Ele sentado na sala, olhando para a foto dela]
Hoje não fumei. Acreditas?
Coloco o disco do Cartola, o amigo que antes me animava hoje me consola.
Ando pela casa despreparado,
não sei onde se guardam os fósforos.
Procuro uma camisa limpa,
A sandália,
Um copo que seja, tudo sujo.
Ando desgrenhado. Estou menino de rua.
Por onde andarás? O que tens feito?
[Observando a rua pela janela]
Ah mais se tiver com outro, JURO QUE MATO!
Veja o que digo, ando sem juízo.
Meu grande amor me deixou. [Já se conformava]
[Alguém bate a porta]
[Ele levanta cambaleando, sem vida, descabelado, em direção à porta]
Podemos conversar? ela pergunta.
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