“Na madrugada iremos pra casa cantando...” era o que esperava que acontecesse até os fins dos meus dias ao lado dela. Não pretendia estar aqui agora, de madrugada, pensando em tudo que poderia ter feito e não fiz.
Quando a conheci há 20 anos jamais pensei que as coisas acabariam assim. Julgava ser apenas mais uma amizade. É vale dizer, que não sou uma pessoa muito sociável e nem tenho muitos amigos na praça, até hoje. Mas ela era diferente. Era linda, do tipo que bastava prender os cabelos, vestir regata branca e calça jeans básica, estava deslumbrante. Falava com todos, sempre foi de muitos amigos, cresceu cercada por “amor e felicidade” dizia sua mãe. Adorava viajar, ler e escutar Cartola. Era diferente de todos.
Sempre fui uma pessoa retraída e introspectiva por natureza. Cresci sem pai e irmãos. Somente com minha mãe numa casinha de 3 cômodos. Em julho, não viajava, ficava em casa, brincando pelos arredores. E ela, sempre ia passar as férias escolares em algum lugar diferente, tinha fotos lindas, de lugares incríveis. Estilo fotografias de propaganda. Sorriso lindo, sol brilhando, pele bronzeada. Tudo perfeito.
Certo dia passando pela livraria, eu a vi. Estava sorridente acompanhada de um amigo. Claro que não me atrevi entrar. Não teria coragem de me aproximar de tamanha presença. Pela vitrine a olhava. Ela me encantou. Não sei explicar. Mas estava acontecendo. Isso foi em 2006.
Seu nome era Valentina.
[continua]
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