Nas esquinas da vida...

"Se o tivesse escrito para procurar o favor do mundo eu teria me ornado de belezas emprestadas ou teria me apresentado com minha melhor pose. Quero que me vejam aqui no meu modo de ser simples, natural e ordinário, sem afetação nem artifício: é a mim mesmo que pinto". (M. de M.)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A beleza da chuva




Te encontrei na chuva. A cidade estava alagada. Juntamo-nos numa parada de ônibus. Olhavas com pressa no relógio. A chuva veio em hora ruim. Parecia que ias fazer algo de importante. Bem trajado. Sapato social. Pra que aquilo? Pensei. Por mim a chuva poderia cair o quanto quisesse. Ia passar na casa de Gilson mesmo.


Mas me incomodava por ti. Agoniado. Molhado. Não conseguia perceber a beleza que a chuva nos proporcionava. Verdadeira amostra dos deuses.

Moças bonitas com seios bicudos de frio. Vestidos transparentes pela água que insistia em molhar. Peles rijas e arrepiadas. Longos cabelos molhados. Gotículas de águas que insistiam correr pela tez e nariz e despejar-se em seios fartos. Boquinhas tremidas de frio. Lábios carnudos mordidos.   

Meu desejo era ser a própria chuva naqueles campos Elísios.
Como o tempo poderia ser mais interessante?

Um comentário:

Camila Travassos disse...

Realmente: como o tempo poderia ser mais interessante?

Chuvas sempre nos dão histórias e olhares sobre o outro interessantes.

(: